terça-feira, 11 de março de 2014

Os Tambores de Ogan

LENDA
Exu sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorun, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.
Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estava muito alto, e que não ficava bem tanta agitação.
Então, eles pediram a Exu, que parasse com aquela atividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.
Assim foi feito, e Exu nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.
Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores.
Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exu que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muitas sem vida.
Exu negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.
Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Exu confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.







































OGANS

A palavra “ogan” é de origem Yorubá e significa em nossa língua “senhor da minha casa”. 
Vamos adentrar no mundo dos ogans e conhecer a sua importância no terreiro de umbanda. Os ogans são os responsáveis pela “puxada” dos pontos do terreiro. Eles devem ser detentores da sabedoria e reconhecer qual ponto deve ser puxado e para qual entidade. Para os ogans a parte mais difícil não é saber o que, mas sim quando. Um ogan deve, no mínimo, conhecer sete pontos de cada entidade e de cada momento: pontos de abertura, saudações, pontos de bater a cabeça, etc.
Para entoar as melodias dos pontos cantados são formadas as curimbas nos terreiros de umbanda. A curimba é geralmente composta de: ogans curimbeiros (somente canto) ogans atabaqueiros (somente percussão) e ogans curimbeiros e atabaqueiros (canto e percussão). A curimba deve ser encarada como uma função de grande importância para quem dela participa diretamente. Ela é responsável pela preparação do ambiente tornando-o propício e harmonizado com o plano espiritual. Devemos tocar os instrumentos ritualísticos e não bater de forma desordenada. Deve existir uma harmonia, uma simetria, uma afinação entre os instrumentos de couro, os instrumentos de metal e a voz humana dentro da curimba.Os instrumentos devem ser afinados conforme as condições de tempo e espaço físico.
Os instrumentos mais comuns dentro do ritual umbandista são os atabaques (em conjunto de três), o agogô, o afoxé, o pandeiro, as maracas, o triângulo, o ganzá, o adjá e o berimbau.
As palmas também estão incorporadas nos rituais umbandistas, pois também é uma forma de comunicação com o plano astral, pois através delas podemos expressar nossas emoções e a satisfação em ver uma entidade espiritual em terra.
Os pontos cantados são divididos conforme suas características, pois cada tipo de ponto serve para um determinado fim:
Hinos: são entoados em cerimônias especiais, tais como a comemoração de fundação de um terreiro, formatura de sacerdotes, apresentações públicas e em reuniões onde se encontram várias personalidades civis da umbanda.
Abertura: são entoados para dar início aos trabalhos espirituais, sejam eles de qualquer natureza.
Bater cabeça: utilizados pelo corpo mediúnico em geral para fazerem suas saudações aos guias, protetores e orixás, diante do congá.
Defumação: cantados quando é efetuada a queima das ervas aromáticas durante o ritual de defumação.
Chamada: pontos utilizados para chamar as entidades espirituais no local onde estão sendo realizados os trabalhos.
Subida: são entoados no momento em que as entidades que estão em terra estão se preparando para fazerem o retorno ao plano espiritual.
Descarrego: são cantados para firmar as linhas que irão trabalhar no descarrego e também para firmar as falanges que vão atuar na cobertura.
Visita: são apropriados para receber, saudar e despedir-se de um visitante, ou, para entrar e sair de um terreiro visitado.
Saudações: são melodias usadas para homenagear autoridades presentes no terreiro ou em apresentações públicas.
Povos: são utilizados para exaltar os povos (baianos, ciganos, marinheiros, boiadeiros, povo da água, etc.). São pontos secundários (cruzados) e exclusivos a estas entidades onde, através dos mesmos, fazemos nossas saudações e agradecimentos. Não existe ponto primitivo para os povos, pois todas essas entidades espirituais obedecem ao comando de um determinado Orixá.
Primitivos: são pontos que citam especificamente um Orixá. Nesses pontos entram somente o nome do Orixá, suas armas, seus adereços e costumes. Não entram nomes de caboclos ou entidades espirituais que trabalham nas respectivas linhas dos Orixás nem o nome de outro Orixá. Os pontos primitivos são utilizados em homenagem ao Orixá, obrigações e quando não se sabe o nome de uma entidade que trabalha na vibração de um determinado Orixá.
Cruzados: são os pontos que citam mais de um Orixá ou entidades espirituais que trabalham na vibração desse Orixá. Nestes pontos é comum o cruzamento do Orixá e tudo que diz respeito a ele e aos guias de sua falange. São utilizados para especificar o nome de uma ou mais entidades, para especificar o nome do Orixá e seus guias, para chamada especifica de uma entidade e na necessidade de se cruzarem duas ou mais vibrações.
Concluindo: não se devem utilizar os atabaques como “cabide”, apoio, descanso, brinquedo ou para qualquer outra finalidade, não podendo ser utilizado pelos filhos da casa, exceto pelos ogans.

Nenhum comentário:

Postar um comentário