quarta-feira, 1 de julho de 2015

FLOR DE LÓTUS

Diz a lenda oriental que, certa vez, às margens de um tranquilo lago solitário, encravado num belo bosque repleto de árvores frondosas onde passarinhos de mil cores e mil cantos faziam seus ninhos, os quatro elementos irmãos se encontraram. Eles eram o Fogo, o Ar, a Água e a Terra.

“Quanto tempo sem nos vermos em nossa nudez primitiva!” - exclamou o Fogo, cheio de vigor e entusiasmo, como é de sua natureza.

“É verdade... nosso destino é bem curioso: nós nos doamos tanto para construir as formas e terminamos ficando escravos da nossa obra e perdendo nossa liberdade..." – disse o Ar, pesaroso.

A Água replicou:

“Pare de se queixar, irmão Ar! Nós estamos obedecendo à Lei! Pode existir prazer maior do que servir à Criação? Por que lamentar se corres de um lado para outro, à tua vontade, assim como o irmão Fogo, que entra e sai por todo lado, servindo à vida e à morte! Eu faço o mesmo!”

E a Terra entrou no diálogo:

“Quem deveria se lamentar sou eu: estou sempre imóvel e, a despeito da minha vontade, vivo dando voltas no espaço, sem nenhum descanso!”

Ao que o Fogo respondeu:

“Por favor, acabem com essa discussão pueril! Não entristeçam a minha felicidade pelo nosso encontro! Precisamos celebrar os momentos em que nos encontramos fora da forma! Festejemos a vida, à sombra destas árvores e à margem deste lago formado pela nossa união!”

Todos o aplaudiram e se entregaram ao feliz momento. Cada um compartilhou seus feitos e suas maravilhas, o que haviam construído e destruído. Cada um deles demonstrou seu justo orgulho porque, pelo seu trabalho, a Vida pôde se manifestar através de formas sempre mais belas e mais perfeitas. E encheram-se regozijo.

Apenas uma nuvem sombria empanava uma alegria tão grande: o homem. O homem era – digamos – a pedra no sapato. Como ele era ingrato! Apesar de ter sido construído com esmero, tendo sido utilizados os mais perfeitos e puros materiais, o homem não valorizava o próprio ser e abusava dos elementos que o haviam criado, perdendo-os. Os irmãos tiveram todos o mesmo desejo, de retirar sua cooperação e privar o homem de realizar suas experiências no plano físico... Mas a nuvem dissipou-se e a alegria voltou a reinar entre eles.

Ao chegar o momento de se separarem, decidiram deixar algo que marcasse aquele encontro; algo que se perpetuasse no tempo; algo que pudesse combinar os fragmentos de cada um de forma harmônica, expressando sua independência e suas diferenças, para que servisse de símbolo e exemplo para o homem.

Pensaram e projetaram, até que, subitamente, vendo seu reflexo no lago, os quatro tiveram a mesma ideia:

“E se criássemos uma planta cujas raízes estivessem no fundo do lago, a haste na água e as folhas e flores fora dela?”

A Terra logo se prontificou:

“Eu colocarei nela as melhores forças de minhas entranhas e alimentarei suas raízes!”

Disse a Água:

“Eu instilarei nela as melhores linfas de meus seios, fazendo crescer a sua haste!”

O Ar imediatamente continuou:

“Eu soprarei nela as minhas melhores brisas, para tonifica-la!”

E o Fogo terminou:

“E eu doarei para ela todo o meu calor, a fim de que suas corolas se tinjam das mais formosas cores!”

Assim disseram, assim fizeram. Com muito entusiasmo e amor, os quatro irmãos deram início à fantástica criação. Como que por encanto, a forma foi sendo plasmada laboriosamente, até que as raízes, a haste, as folhas e as flores apareceram. O sol abençoou-a e a planta foi saudada como rainha pela flora do local.

Satisfeitos, os quatro elementos se separaram, deixando a Flor-de-Lótus a brilhar no lago, exibindo sua beleza imaculada e inspirando o homem como símbolo da pureza e perfeição.


E os deuses, ao chegar à Terra, escolheram o Lótus como trono.

http://contosatemporais.blogspot.com.br/2013/06/a-lenda-da-flor-de-lotus.html


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